Homens mortos ao cobrar dívida no PR: declaração de óbito diz que vítimas tiveram politraumatismo, traumatismo craniano e ferimento por arma de fogo
24/09/2025
(Foto: Reprodução) Quem foram os homens mortos durante viagem ao PR para cobrar dívida
As declarações de óbito referentes aos corpos dos quatro homens que foram assassinados depois de cobrar uma dívida em Icaraíma, no noroeste do Paraná, indicam que as vítimas sofreram politraumatismo, traumatismo craniano e ferimentos por arma de fogo. As vítimas ficaram 44 dias desaparecidas até os corpos serem encontrados na zona rural da cidade. Os documentos são assinados por um médico legista da Polícia Científica do Paraná.
De acordo com o delegado Thiago Andrade, responsável pela investigação do caso, essas declarações são dadas aos familiares para os trâmites de liberação e sepultamento dos corpos, bem como a confecção dos atestados de óbito. Segundo ele, esses documentos não fazem parte do processo criminal e não possuem validade na investigação, que ainda aguarda os laudos necroscópicos realizados pela Polícia Científica.
Os corpos de Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza foram encontrados no dia 18 de setembro enterrados em uma área de mata. Os cadáveres foram encontrados dias após a polícia localizar o veículo das vítimas enterrado em um bunker.
Os principais suspeitos de assassinar as vítimas são Antonio Buscariollo, de 66 anos, e o filho dele, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22. Ambos estão foragidos. A defesa dos dois nega que eles tenham participação no crime.
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Da esqureda para a direita, Afonso, Robishley, Rafael e Alencar.
Reprodução
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O Secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, confirmou que a Polícia Civil do Paraná apura o envolvimento de outras pessoas no assassinato.
"Considerando as características em que o carro foi localizado, isso requer um esforço, requer utilização de equipamentos, de maquinário, para enterrar um veículo como enterraram. Presumimos que tenha a participação de outras pessoas também", afirmou o secretário em entrevista à RPC.
As investigações sobre o caso estão sob sigilo. O delegado do caso afirma que a polícia tenta entender como foi a dinâmica do crime.
"Esse crime teve uma organização muito complexa, sendo difícil acreditar que tenha sido feito por poucas pessoas. Acreditamos que tem mais envolvidos, mas até agora nada foi confirmado. Possibilidades estão sendo averiguadas, e assim que vão tendo as confirmações, a gente vai traçando a dinâmica dos fatos", disse o delegado Thiago Andrade.
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Corpos foram encontrados próximo de local onde carro estava escondido em bunker
Corpos estavam a cerca de 500 metros de distância do local onde estava a picape enterrada.
PC-PR
Segundo o secretário, os corpos dos homens foram encontrados com marcas de tiros e a 650 metros de onde o carro deles foi achado escondido em um bunker. Os pertences das vítimas – como celular e mochila – foram encontrados enterrados no mesmo lugar em que os corpos estavam.
"A área é arenosa e úmida e os corpos estavam bem preservados, o que deu uma possibilidade de identificação visual de momento", disse o secretário Hudson Leôncio Teixeira.
O secretário confirmou que o local fica dentro de uma área privada. O proprietário, de acordo com Teixeira, não é investigado e esteve em contato com as autoridades.
A picape das vítimas foi encontrada após o pai de uma delas receber uma carta anônima com a localização do carro. Um informante também ajudou nas investigações.
O veículo das vítimas foi encontrado coberto por uma lona dentro de um bunker, com marcas de sangue e tiros.
Durante as buscas pelas vítimas na região, duas munições de calibre 9 milímetros foram encontradas na propriedade vendida por uma das vítimas para os suspeitos, localizada próximo de onde o carro dos desaparecidos foi encontrado.
Defesa dos suspeitos nega o crime
Por meio de nota, o advogado Renan Farah afirmou que os Buscariollo não são responsáveis pelo crime. De acordo com ele, a localização dos corpos das vítimas reforça que não foram eles que assassinaram as vítimas.
"A localização dos corpos, em propriedade de pessoa que não tem qualquer relacionamento com a família Buscariollo, reforça a nossa defesa de negativa de autoria, ou seja, que não tiveram qualquer participação com esses homicídios. E mais, os corpos serão importantes instrumentos para identificação dos verdadeiros culpados pelas mortes", diz a nota.
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Relembre o caso
Quem são os suspeitos?
Qual era a dívida a ser cobrada?
Relembre o caso
Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso viajaram no dia 4 de agosto, de São José do Rio Preto, em São Paulo, para cobrar uma dívida em Icaraíma, no Paraná.
A investigação da polícia apurou que eles foram contratados por Alencar Gonçalves de Souza, que se juntou ao grupo quando todos chegaram à cidade.
A polícia acredita que eles foram, ainda no dia 4 de agosto, até o distrito de Vila Rica do Ivaí para cobrar o devedor. Depois desse primeiro contato, eles combinaram voltar no dia seguinte.
No dia 5 de agosto, os quatro foram gravados por câmeras de segurança conversando no balcão de uma panificadora de Icaraíma, por volta das 10h. Eles deixaram de responder as famílias por volta das 12h.
Vitimas foram vistas pela última vez em uma padaria em Icaraíma.
Polícia Civil (PC-PR)
O registro da câmera do comércio é o último registro dos homens com vida divulgado.
No dia 6 de agosto, a esposa de Robishley procurou a polícia do estado de São Paulo para relatar o desaparecimento do marido e dos dois amigos que viajaram com ele.
Quem são os suspeitos?
Pai e filho são considerado foragidos pelo desaparecimento de quatro homens
PCPR
No dia 6 de agosto, a polícia foi até a propriedade que os quatro haviam visitado no distrito de Vila Rica do Ivaí para a cobrança da dívida.
No local, Antonio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo receberam a equipe e foram levados à delegacia.
“Eles [Antonio e Paulo] confirmaram que havia um negócio envolvendo a compra e venda de uma propriedade rural entre Alencar e dois parentes deles, mas disseram que não tinham relação direta com a dívida”, explicou o delegado Gabriel Menezes.
Depois de prestar depoimento e serem liberados, pai e filho deixaram a propriedade e não foram mais vistos. Mandados de prisão temporária foram expedidos contra eles.
Além disso, todos os familiares que moravam com eles desapareceram. Eles também são investigados, porém, os nomes não foram divulgados.
Com o avanço da investigação, foi estabelecida a suspeita de que os dois tenham participado de uma emboscada no momento em que os quatro homens foram fazer a cobrança.
Segundo a Polícia Civil, Antonio possui antecedente criminal por posse ilegal de arma de fogo. Paulo não tem passagens pela polícia.
Qual era a dívida a ser cobrada?
Delegado fala sobre dívida que motivou cobrança de homens que estão desaparecidos no PR
Conforme a polícia, a família de Antonio e Paulo comprou uma propriedade rural de Alencar por R$ 255 mil.
O delegado Gabriel Menezes informou que Alencar, que é morador de Icaraíma, vendeu a propriedade para a família e dividiu o pagamento em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada.
Contudo, nenhuma parcela deste valor foi paga, e esta seria a cobrança que Robishley, Rafael e Diego foram contratados para fazer.
O delegado também disse que familiares dos desaparecidos informaram que os três homens trabalham com cobrança de dívidas há cerca de 13 anos.
Anteriormente, a esposa de uma das vítimas declarou no registro do boletim de ocorrência do desaparecimento que o valor da dívida seria de R$ 1 milhão. Outras pessoas ouvidas pelas autoridades disseram que o valor real seria de R$ 100 mil. Entretanto, somente o valor de R$ 255 mil foi confirmado durante a investigação.
INFOGRÁFICO: o que se sabe sobre a morte de 4 homens no PR
Arte/g1
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